segunda-feira, 25 de maio de 2009

CANÇÃO DOS HOMENS

Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo
- filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.

Que quando nos sentarmos à mesa para jantar
ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.

E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.

Que se estou cansado demais para fazer amor,
ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou potência.

Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.

Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu não souber.

Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós quando me distancio ou me distraio demais.

Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.

Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".

Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.

Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.

Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com bobagens em lugar de prover minha família.

Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo que mesmo de longe eu continuo pensando nela.

Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.

Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho amante.

Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.

Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.

Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.

Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.

E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente,

Ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano.
Lya Luft
Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.
Lya Luft

sexta-feira, 15 de maio de 2009

É realmente absurdo não podermos sair de casa, nem para trabalhar, em segurança...
Dia 12/05, 5:20 da manhã, desci do meu ônibus na avenida Amazonas, esquina com Barbacena no Barro Preto. Ao atravessar a avenida, vi dois rapazes vindo em minha direção, já não havia o que ser feito, pois ninguém além de nós três estava na rua aquela hora. Andei o mais rápido que pude, quando senti uma mão em meu braço e ouvi:"- Passa a bolsa!!!"Era o filho da puta de um viciado em crack, tentando levar tudo o que eu tinha. Reinvindiquei dizendo não haver nada dentro dela, mas o vício falava mais alto, e o desgraçado ameaçando estar armado e dar "um tiro em minha cara" ordenou que eu passasse o celular e o dinheiro. Para minha sorte, meu celular não valia nem R$10,00, valor este, que era também o que eu possuia na carteira naquele momento. Ou seja, dei para aquele vagabundo duas pedras de crack...Ao pegar meu celular e o dinheiro, o infeliz me mandou "sair andando" sem olhar para trás, pois se eu o fizesse seria alvejada com tiros. Andei alguns metros e retirei da bolsa meu outro telefone, agora o único, e liguei aos prantos para o 190.Dentro de no máximo 5 minutos parava à minha frente uma viatura da Polícia Militar. Fizemos rondas em todo o Barro Preto, mas foi em vão, Romário (este é pseudônimo do viciado) já estava naquele momento com suas duas pedrinhas de crack...Fiz a ocorrência e descobri que o "Romário" já havia sido preso 8 vezes, mas sempre saía e voltava à ação furtando mulheres, pois é tão frouxo que não se arrisca com homens.Me arrependo de algumas coisas: a primeira: não ter uma arma ou força o bastante para arrebentar a cara destes marginais; e a segunda: estes vagabundos não terem acesso a esta postagem para saberem o quanto desejo que tenham uma overdose....
Para as pessoas de bem, fica meu aviso: Tomem cuidado com a região central nos horários desertos, e nunca tomem a atitude que tomei de reinvindicar nada material.FILHOS DA PUTA COMO ESTES NÃO PERDEM NADA EM MATAR GENTE TRABALHADORA E INOCENTE COMO NÓS, APENAS POR UMA PEDRA DE CRACK!!!!